novembro 06, 2012

EmBarcados

Nessa onda de meter gol com a mão e comemorar, de juiz alagoano apitando série A (que não tem times alagoanos), de o Fluminense sendo beneficiado rodada após rodada (ainda que ao acaso), voltam a tona as teorias da conspiração sobre um "favorecimento" da CBD, digo CBF, aos "times do eixo". Não quero acreditar que exista, mas eles tem um histórico comprometedor. Está aí o rebaixamento absurdo do Gama em 99 (que salvou o Fla, e criou a ridícula Copa João Havelange 2000, trazendo da série C pra A, o Flu) que não me deixa mentir.

É verdade, amigos. A última vez que um time fora do eixo RJ-SP venceu o campeonato da CBF, foi o Cruzeiro, em 2003 (quase dez anos). Mais ou menos a mesma idade do formato de pontos corridos. E nesses mesmos dez anos de campeonato, já tivemos inúmeras polêmicas. É anulação de jogo por corrupção da arbitragem, é time entregando jogo pra prejudicar rival (ou pagar contas), e agora isso... gente tentando anular jogo por que o juiz ACERTOU!

Enfim, vamos ao fato: É uma vergonha que tenha havido interferência externa ao anularem o gol do Barcos. É uma vergonha maior ainda pedirem a impugnação do jogo por causa disso. Sou gremista, mas acho que o Internacional venceu o jogo de forma limpa, e não pode ser prejudicado de maneira nenhuma. Impugnar o jogo seria beneficiar o infrator, e não se pode corrigir um erro cometendo outro. O que o STJD deveria fazer, é investigar o ocorrido, punir os cinco árbitros do jogo (principalmente o péssimo Francisco Carlos Nascimento), o quarto árbitro Jean Pierre Lima, e o delegado do jogo, que fizeram toda essa palhaçada acontecer.

A questão não é o gol ter sido com a mão. Aliás, é um lance mais comum do que se imagina. Mas sim a anulação não ter partido das autoridades competentes. E é um absurdo. A impugnação do jogo prejudicaria o Internacional, que é o único que não teve culpa alguma na confusão. Não acredito que irá acontecer, não há provas suficientes de que houve interferência externa - apesar de todos sabermos que houve.

Bom. A verdade é que estamos - com o perdão do trocadilho - embarcados numa onda que só vai levar o futebol brasileiro ao fim. O amigo Lucas Oliveira (@LFaiska), levantou a questão de que o futebol atual é corrupto: "Cada vez mais nojo eu tenho do tal futebol. É por isso que acompanho muito mais as artes marciais do que esse esporte corrupto."

Discordei, a princípio. Mas já estou pensando em dar o braço a torcer. Isso gerou uma discussão interessante, que relatarei nas próximas linhas. Argumentei que o futebol não era corrupto, mas sim o futebol brasileiro. Logicamente, não citei os casos de apostas no Italiano, pois lá quem é corrupto é pego, é punido. Ganhei apoio. Outro amigo disse que: "O esporte nunca é corrupto e sim quem o pratica. Independente da modalidade."

Mas chegamos aí a um denominador comum. O Futebol Brasileiro. Ele é sim corrupto, e da pior forma. O câncer do futebol brasileiro não parte de jogadores, dirigentes de clubes e apostadores, como na Itália. Mas sim, de quem apita os jogos, de quem julga os processos e de quem administra e organiza a competição.

Aí o Lucas veio com praticamente uma carta-aberta que eu tive que concordar. E vou transcrevê-la aqui:




"Eu estava me referindo ao futebol brasileiro mesmo. Eu cresci acompanhando o futebol por dois motivos, Grêmio e Seleção Brasileira. Hoje ambos estão cada vez mais distantes dos conceitos morais e do caráter que eu acabei obtendo com o passar dos anos, vejamos porque. 


A Seleção não preciso explicar o porque, é o lobby dos empresários, é os jogadores mais chinelinhos, é os boy players, é todo um grande movimento de pão e circo instalado na nossa seleção, que hoje eu sentiria vergonha de discutir futebol com um europeu (em tempos anteriores o fiz e batia no peito defendendo minha seleção). 

E o Grêmio, ahhh o Grêmio, minha maior decepção na vida é o Grêmio. Não o time, a instituição, as cores, o manto a história e sim as pessoas, as pessoas envolvidas com o time. 

Deixe-me contar uma historinha: Meu avô tem 73 anos, é colorado e atuou pelo Internacional (um ou dois jogos e se machucou) da década de 50. Sabe o que ele disse pra mim uma vez? Disse que os jovens não sabem mais torcer, disse que ele fica triste em ver gremistas cantando: "Hey Inter vai toma no Cu" e Colorados cantando: "Hey Grêmio vai toma no Cu". Na época dele, ele afirma que o que se cantava na Baixada e nos Eucaliptos era: "Hey Carioca, Paulista, Nordestino vai tomar o CU". 

Meu avô tendo sido lateral direito do Internacional, é fã do Pavilhão. Eu já tentei chamar essa discussão no face e sabe a resposta dos entendidos? Ora é rivalidade, prefiro um revólver na cara do que torcer pra macaco/gazela. Enfim, só a título de curiosidade esse mesmo meu avô levou os irmãos GREMISTAS pra olhar Inter e Nacional em 1980. 

Aonde quero chegar é que .... meu avô viveu essa época toda do futebol que eu citei acima, meu pai viu Renato ganhar o mundo, viu Koff descer do avião com a taça do mundial, ouviu o narrador gritar a célebre frase: "BALTAZAR MARIA DE MORAES JUNIOR O CENTRO AVAAAAAAAAANTE DE DEEEEEEEUS" em 1981. 

E eu?? Eu vi o Bi da Libertadores do Grêmio e do Inter, eu vi duas Copas do Brasil e um Brasileiro do meu time. Mas sabe também o que eu vi? Vi Renato ser expulso do Grêmio, vi Falcão ser expulso do Internacional, vi o autor do gol do Mundial contra o Barça ser mandado embora e nem sequer chamado nas comemorações do título, vi Koff sendo agredido com palavras, cusparadas e pontapés.

Eu vi o futebol morrer por causa de dinheiro e poder. 

Eu sei que o Lauro Beiersdorf vai ler."

E li. Li e assinei abaixo. Se temos uma coisa suja no nosso país é a política. Não interessam os meios se justificarem os fins. E no Grêmio, acabamos instalando alguns desses manés. O principal deles, é o presidente que nos deixa ao final de dezembro. Não nego que ele tenha tido seus méritos, mas Odone ferrou com muita coisa que considerávamos tradicionais. O manto, o Renato, o Olímpico. Comprou alguns membros da Geral (manobra política, dando privilégios a torcida organizada, e criando sua militância), chegou a criar mentiras sobre sua eleição em 2005, afirmando que Koff abandonou o Grêmio em favor do Clube dos 13. (Odone venceu nas urnas o candidato de Koff: Adalberto Preis)
Acho que ele conseguiu fazer boas coisas pelo Grêmio (como a Arena, esse monstro que o Grêmio tá erguendo em Porto Alegre), mas jogou tudo no ralo por suas fanfarronices e politicagens.

Mas deixando de lado a parte clubística, acredito que nos tempos do avô do Lucas, o futebol era tratado com mais respeito. Jamais chegaremos a esse nível novamente, mas penso que se colocarmos as pessoas certas nos cargos certos - torcedores (e não políticos) no comando dos clubes, e pessoas dignas no comando da federação (tal qual ocorreu na AFA, onde o governo tomou conta) - poderemos voltar a ter um campeonato decente.

É preciso acontecer uma revolução no futebol brasileiro. Tal qual ocorreu no basquete, onde o ídolo Oscar Schmidt, buscou parceiros e gente a favor do esporte, e fundaram o NBB, que ressuscitou das cinzas o basquete nacional, e o levou de volta aos Jogos Olímpicos (16 anos depois da última participação).

Lucas: "Na década de 80 torcedores da Juventus e do Liverpool se mataram num jogo, hoje conseguiram colocar na marra um respeito entre os torcedores europeus. Acho que com fiscalização e leis rigorosas aqui poderia voltar a ser no tempo do meu avô, nem que por dentro os caras quisessem se matar, mas se limitaria a isso, basta uma lei forte e que SIM cause medo em quem tá ae pra sacanear os outros (seja torcedor ou dirigente)."

Infelizmente, não temos uma lei forte nem para políticos corruptos condenados, nem para assassinos, estupradores, etc. Como teremos uma lei forte pra conscientizar os hooligans?

Lucas: "Infelizmente. Eu amo o Brasil, mas é essa nossa situação."

É, Lucas. Estamos EMBARCADOS num mar de lama muito maior do que imaginamos. Mas parte de nós, TORCEDORES, fazermos alguma coisa para mudar a situação. não dá pra ficar eternamente só reclamando da CBF.
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1 comentários:

  1. Cris Meirelesnovembro 07, 2012

    Concordo com tudo gurizada e me recuso a dizer q sou brasileiro, coisa q da vergonha a qualquer um, e sim sou GAUCHO e acredito que um dia essa palhaçada, tanto no futebol quanto no geral do pais, ira acabar...

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