novembro 01, 2011

Pilantragem x Profissionalismo

Chega a dar nojo as tentativas da imprensa do "Brazil" de defender Ronaldinho Carioca. Acredito que a torcida do Grêmio tem total direito de protestar dentro do seu estádio, seja contra quem for. Da maneira que quiserem, desde que não sejam praticados exageros.


A imprensa esportiva do centro do país, que não cansa de tentar diminuir as torcidas - segundo eles, "argentinas" - de Grêmio e Internacional, desta vez, estourou a minha paciência. Passaram a semana inteira pré-jogo (Grêmio x Flamengo), cornetando a manifestação pacífica organizada pelos caras do Blog Grêmio Libertador, que segundo a BM, e a imprensa, e o tão malfeito Estatuto do Torcedor, incitava "a violência, o racismo e a xenofobia" (WHAT? Daqui a pouco voltam a acusar a Geral de skinheads de novo...). E fazendo isso, só instigaram mais ainda a vontade de protestar dos gremistas.

Como era esperado, a BM não deu conta de impedir que as faixas entrassem, e o pior, aparecessem na Globo, e em HD. Daí veio a avalanche de julgamentos infundados da imprensa do eixo RJ-SP.

O pior não é ouvir que a torcida do teu time é isso ou aquilo. O pior é ver gente consagrada do jornalismo esportivo dizendo que o motivo do protesto era chulo. Chulo é quem vai pra televisão falar merda sem saber da missa a metade.

Casagrande disse que o jogador tem "o direito de jogar onde ele quiser", que isso não é motivo para a torcida protestar. Concordo. Mas desde que o processo seja feito dentro da ética do futebol. E eu não vou nem puxar aquele velho discurso de "amor à camisa", que isso sempre foi balela, desde os tempos de Edson Arantes.

Pano rápido (ou nem tanto) na história: Os Assis Moreira eram uma família pobre de Porto Alegre, quase miserável. Eis que o sr. João Moreira foi contratado como funcionário do Grêmio FBPA. Bom funcionário, recebia em dia o ordenado referente à suas tarefas. Seu João tinha dois filhos, os quais foram matriculados de graça nas escolinhas de futebol do Grêmio. Passados quase dez anos, o mais velho, Roberto, começou a se destacar nas categorias de base e foi levado ao time profissional. O Grêmio lhe deu aumento, cuidou para que sua família tivesse todo aporte necessário. Roberto era bom jogador, e o seu João resmungava. Dizia que o mais novo é que era o bom da família. Mas aí veio a primeira facada dos Assis Moreira: Roberto fugiu para a Itália, tentando transferência para o Torino. O Grêmio foi atrás de seu jogador, que chantageou o clube. Exigia uma mansão com piscina em Porto Alegre para voltar. O Grêmio cedeu. (Antes divesse deixado ir...) E foi nesta piscina, que aconteceu o acidente que infelizmente levou dessa vida o seu João. Assis gerou tanto problema, que em 1992 foi negociado com o fraco Sion, da Suiça.
Mas o garoto mais novo ficou no Olímpico. Bom jogador desde novo, foi lapidado e aprendeu a jogar futebol em alto nível. Virou profissional. Em 1998, era a esperança de futuro para o time, mas Celso Roth o deixava no banco. O volante Itaqui era titular.
Em 1999, após convocação para a seleção brasileira de Wanderley Luxemburgo, ganhar a Copa Sul e o Gauchão com o Grêmio, o garoto magrelo, dentuço e habilidoso chegou a declarar amores pelo Grêmio, dizendo que "por tudo que fizeram por mim e pela minha família aqui, hoje eu jogava no Grêmio até de graça." Um ano e meio depois, tramou pelas costas da diretoria do Grêmio e se transferiu "de graça" para o PSG, utilizando a maldita Lei Pelé, que quebrou a maioria dos times brasileiros, numa novela que envolveu até a Fifa.
O clube começou a enfrentar dificuldades financeiras a partir daí. Sem o dinheiro da "venda" de Ronaldinho, a direção do Grêmio, que ainda não tinha se acostumado com a "nova legislação" do futebol, buscou recursos duvidosos para montar a equipe no começo dos anos 2000. Gestões desesperadas e decepcionantes se sucederam. A farsa da ISL deixou rombos astronômicos nos cofres do tricolor gaúcho. Aquele time falido financeiramente, até conseguiu conquistar a Copa do Brasil em 2001, mas seguiu decadente nas Libertadores e Brasileiros dos anos seguintes, culminando com o rebaixamento em 2004. Em 2005, na B, o Grêmio tinha 7 jogadores no plantel. Estava no fundo no poço.
Quando se está no fundo, só se pode subir. E subindo, o Grêmio revelou grandes craques, como Lucas, Anderson, Carlos Eduardo. Talvez não tivessem toda a bola do pilantra, mas eram homens de caráter, comprometidos com o clube. E que também só deixaram o Olímpico devido a necessidade do clube em pagar as dívidas.
Neste meio tempo, o rival se modernizava. Com um crescimento inquestionável, revelou jogadores, ganhou taças, acumulou um patrimônio financeiro para estabilizar o clube (principalmente vendendo suas jóias, por altos valores - Pato, Sóbis, Nilmar, e até o gordo do Daniel Carvalho - coisa que o Grêmio não conseguia fazer, pois estava sempre com a corda no pescoço).
Eis que nesta temporada, num surto de loucura, o presidente eleito do Grêmio e o "irmão-fujão-empresarião-Quero-Casa-com-Piscina-e-a-porra-toda" chegam a um sinistro acordo para a volta do pilantra. Cometemos um erro aqui. Aceitamos. Mas não dá pra julgar os gremistas nesse dia. Qual torcedor ferido, que viu o seu time passar pela segunda divisão na última década, não gostaria de ter um jogador que foi eleito melhor do mundo duas vezes? Fomos motivados pela ambição sim, pois o rival havia igualado nossas conquistas. Precisávamos retomar esse caminho de vitórias a qual sempre estivemos acostumados. Nos iludimos.
Pois o pilantra fez o mesmo que o seu irmão igualmente pilantra já havia feito, duas décadas atrás. Não teve culhão para voltar a jogar pelo Grêmio depois de fugir do Olímpíco.

É pilantra, não é profissional. Ele tem o direito de jogar onde quiser, mas não tinha o direito de brincar com a paixão do torcedor. Preferiu o dinheiro do Flamengo à gratidão ao clube que fez dele o jogador que é hoje. Como se fosse ganhar muito menos aqui. Talvez se jamais tivesse negociado com o Grêmio novamente, ainda tivessemos um resto de respeito por esse dentuço.

Agora eu te pergunto, Casagrande. O protesto é mesmo injusto?

Depois do jogo, depois de ser vaiado por 45 mil gremistas no velho casarão, depois de levar 4 numa atuação de reabilitar até contestados jogadores do Grêmio, ainda sai falando merda e rindo igual a um retardado. Não se iludam, amigos flamenguistas. Com o perdão da expressão, o pilantra tá "cagando e andando" pra vocês.

Enfim, é surreal para o torcedor gremista ouvir desses colunistas irresponsáveis da imprensa brasileira, que Ronaldinho não é culpado pelo que fez. Talvez por que o sentimento deles em relação ao esporte seja bem diferente do nosso.

Eles amam o futebol. Nós amamos o Grêmio. E os Moreira amam o dinheiro.
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2 comentários:

  1. Jhon Williannovembro 02, 2011

    Humildemente discordo, Alemão: estava no Olímpico (como de costume), e presenciei a palhaçada toda. Tendo mais ao lado dos cronistas do Eixo do que de 95% da nossa torcida. Fui para o Monumental com o intuito e ÚNICO intuito de assistir a Grêmio-Flamengo, não importando quem estivesse no gramado. Considero que a torcida do Grêmio exagerou, fez com que a imagem do clube fosse inferiorizada frente à imagem do Ronaldo, que, queiramos ou não, foi para a mídia (assim como fora Figo, p.ex. - e alguém odeia de morte o gajo?) de forma agressiva.
    Prefiro me orgulhar de ter estado, no 12.10, em Grêmio 1-3 Figueirense, e ter gritado o nome e aplaudido o Aílton, do que ter visto este Carnaval, este barulho de rebeldes sem causa, contra um cara que sequer um Gauchão nos deu, logo, não merecendo nem o ódio da torcida gremista. Daqui a 2 semanas estarei lá aplaudindo o Felipão. Quero ver se metade, eu disse CIN-QUEN-TA por cento dos 44.781 pessoas presentes contra o Flamengo estarão lá. Estou pagando (meus ingressos, minhas mensalidades, todo santo mês) para ver...

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  2. Infelizmente (ou felizmente), as torcidas são passionais (me incluo nela) e não conseguem pensar (e se comportar) sobre seu time com tamanha racionalidade como tu descrevestes.
    Figo recebeu manifestação parecida, no seu retorno ao Camp Nou, com a camisa do Madrid. Acredito que a manifestação foi válida, pois a torcida precisava mandar uma resposta ao Ronaldo e ao Assis. Não dá pra negar que o ambiente criado motivou os jogadores tricolores em campo, haja visto a atuação do nosso camisa 10, que fazia tempo que não mostrava tanta qualidade.

    E o fato bom de isso tudo ter acontecido motivou grande parte da torcida, já meio capenga pela fraca campanha na temporada.

    Concordo contigo quando falas de aplaudir Aílton, Felipão. E acrescento, quem dera tivéssemos aquele público simplesmente por ser um jogo do Grêmio, e não pela motivação de aplaudir ou vaiar alguém.

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